domingo, 31 de maio de 2015

Contaminação da água em Aterros

Falamos, na última postagem, sobre contaminação do solo em aterros sanitários. Hoje discutiremos sobre a contaminação das águas e o impacto sobre o meio ambiente e sobre nossa saúde.
Sabemos que, no Brasil, o manuseio e eliminação de resíduos sólidos são alguns dos fatores, de maior impacto ambiental, que põem em risco a saúde pública. Grande parte dos municípios brasileiros enfrentam dificuldades, pois faltam locais adequados para a disposição dos resíduos sólidos. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) verificou, em uma pesquisa sobre saneamento básico, que cerca de 50,8% dos resíduos produzidos no país ainda são lançados em vazadouros a céu aberto, sem um cuidado/controle do lixo, que acaba poluindo tanto o solo como os lençóis freáticos. Vale lembrar que isto não acontece só em lixões, aterros controlados também estão sujeitos a causar contaminação, pois podem haver vazamentos na manta permeabilizante ou elas podem não ter uma boa qualidade, permitindo que o lixiviado percole, cada vez mais no solo, o que torna o sistema hídrico ainda mais vulnerável.
   A água é considerada poluída quando a sua composição for alterada, tornando-a imprópria para alguma ou todas as suas utilizações em estado natural. A poluição das águas ocorre, principalmente, pelo lançamento indiscriminado de resíduos sólidos no solo que permite o deslocamento do chorume para as redes de drenagens dessas águas. A poluição das águas pela disposição inadequada de lixo pode ser física, química e biológica, sendo as principais alterações físicas relacionadas ao aumento da turbidez (material em suspensão na água) e variações de gradientes de temperatura. A poluição biológica caracteriza-se pelo aumento de coliformes totais e fecais, já a poluição química reduz drasticamente o nível de oxigênio e aumenta a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Outras propriedades químicas da água como a dureza, a condutividade e o PH podem ser alteradas e tornar o sistema aquático impróprio para o uso humano.
     O chorume gerado no processo de degradação da matéria orgânica é uma das principais fontes de poluição decorrentes da má disposição dos resíduos sólidos. Quando despejado nos cursos d’água superficiais, pode alterar a DBO (quantidade de oxigênio necessária para ocorrer oxidação da matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas) e DQO (quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um agente químico) da água. Altos valores de DBO e DQO indicam uma alta carga de compostos orgânicos transportada. Tal líquido apresenta também a presença de coliformes totais e fecais o que confere um potencial de contaminação microbiológica. O PH da água é alterado quando entra em contato com matérias orgânicas em decomposição e torna-se ácido. Não podemos nos esquecer dos metais pesados que, como já foi dito em uma postagem aqui no blog, causam sérias doenças.
        Essas alterações afetam tanto a flora quanto a fauna da água, a poluição acaba com a vida aquática. Um dos principais e mais preocupantes efeitos deste problema no meio ambiente é a eutrofização, caracterizada pela presença excessiva de nutrientes provenientes dos produtos químicos eliminados que provoca a proliferação de algas e cianobactérias, impedindo a entrada da luz nos rios e reduzindo a disponibilidade de oxigênio para os organismos aquáticos.
        Enquanto a contaminação superficial geralmente constitui-se em um problema visível, a contaminação dos aquíferos é invisível e pode transformar-se em um problema crônico, na medida em que só venha a ser identificado por meio de seus efeitos na saúde pública. Cabe ressaltar que os resíduos sólidos ainda contêm espécies químicas que podem ser carreadas pelas chuvas e entrar em contato com os cursos d’água superficiais e subterrâneos através de escoamento superficial e infiltração. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 80% das doenças que acometem a população dos países em desenvolvimento são provocadas pela água contaminada. Entre as principais estão a hepatite, disenteria, cólera, malária, amebíase, esquistossomose, febre amarela, ascaridíase, cisticercose, dengue, poliomielite, teníase, febre tifoide, infecções na pele e nos olhos, e a leptospirose.
REFERÊNCIAS
SISINNO, S. L. Cristina; MOREIRA, C. J. Avaliação da contaminação e poluição ambiental na área de influência do aterro controlado do Morro do Céu, Niterói, Brasil. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csp/v12n4/0243.pdf> Acesso em: 31 de maio de 2015.
MATOS, O. F. et al. Impactos ambientais decorrentes do aterro sanitário da região metropolitana de belém-pa: aplicação de ferramentas de melhoria ambiental. Universidade Federal de Uberlândia. Caminhos de geografia. Uberlândia, v.12,p.5-6, 2011.

FREITAS, P.V. Poluição de águas. Disponível em:< http://daleth.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo02.htm>. Acesso em: 31 de maio de 2015.

5 comentários:

  1. Grupo D

    Esse problema é seríssimo, e o grupo está de parabéns pelo post. Como resíduo sólido é considerada toda mistura de materiais ou restos destes, oriundos dos mais diversos tipos de atividade humana, que são descartados por não apresentarem utilidade ou valor econômico, então eles veem se acumulados nos lixões, na maioria das vezes de forma inadequada e Com as chuvas, com a produção do chorume, gera um líquido tóxico ao meio ambiente que vai penetrando no solo e pode atingir os lenções freáticos da região, onde são as principais fontes de abastecimento de água de uma determinada cidade. Isso infelizmente é a realidade não só do estado do Piauí, mais sim do país inteiro.

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  2. GRUPO L

    Um grande problemática no País! O problema que envolve a questão da disposição final do lixo urbano, apesar de ser um dos principais pontos relacionados com o saneamento das grandes cidades, na maioria das vezes ainda permanece sem solução. Uma vez que os sistemas designados a promover a coleta, o transporte e a destinação final do lixo urbano encontram-se vinculados às administrações municipais, um dos grandes desafios enfrentados pelas prefeituras, neste contexto, é onde dispor estes resíduos com segurança, uma vez que áreas disponíveis tornam-se cada vez mais escassas, mais distantes dos centros de geração do lixo e têm seu custo mais elevado. Em vista disso, várias “soluções” têm sido adotadas, algumas das quais sem nenhuma avaliação preliminar criteriosa. Com relação às formas utilizadas para destinação final do lixo no Brasil, pode-se destacar que 86,4% dos municípios utilizam-se de vazadouros a céu aberto, 1,8% fazem uso de vazadouros em áreas alagadas e 9,6% possuem aterros controlados (Santos, 1993).

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  3. Postagem de extrema importância para a sociedade em geral, parabéns pessoal!
    O chorume possui baixa biodegrabilidade, alta carga de materiais na composição e compostos orgânicos tóxicos, este líquido residual, se não devidamente tratado, é capaz de atingir e contaminar o lençol freático, prejudicando desta forma os cursos de água da região. Com isso, perceber-se que os danos ambientais provocados pelo manejo inconsequente desse efluente alcançam sérias proporções, culminando em um ciclo completo de poluição da água (contaminação que vai desde sua origem até os corpos abastecidos, tornando-se nocivo aos animais e ao ser humano). diante da gravidade destes possíveis desdobramentos, a norma NBR 8419/1992 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dispõe sobre as condições mínimas estabelecidas para a construção de um aterro sanitário, exigindo que o projeto inclua um sistema de coleta, drenagem e tratamento de líquidos percolados.
    http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/366/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Impactos%20de%20aterros%20sanit%C3%A1rios%20de%20tr%C3%AAs%20munic%C3%ADpios%20de%20Minas%20Gerais%20na%20qualidade%20da%20%C3%A1gua.pdf

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  4. Grupo H
    Interessante que ainda hoje enfrentamos problemas como esse. Um estudo em Minas Gerais mostrou o elevado índice de contaminação na água subterrânea por alguns metais (Al, Ba, Fe, Mn, Ni e Pb) sob um lixão desativado há 30 anos. Mas o mais preocupante é que em um aterro sanitário a contaminação do chorume é praticamente a mesma, e o local envia o chorume sem qualquer tratamento para um córrego, possibilitando a sua infiltração para contaminar as águas subterrâneas. Em 1972 não haver o conhecimento sobre a contaminação é uma coisa, mas qual a desculpa do aterro atual??
    Referencia:
    aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/download/23416/15502

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  5. Mais uma interessante postagem. Quando vi que era sobre a contaminação da água, logo me veio a cabeça Mercúrio. Esse metal é usado diariamente por todo o aparato industrial e ás vezes doméstico. A forma química mais tóxica do mercúrio tem sido identificada como a de metilmercúrio. Sua toxicidade é definida pela elevada meia-vida biológica 70 dias, caracterizando a bioacumulação no organismo sendo o mais prejudicado, o último da cadeia trófica, o homem.
    O caso é tão alarmante que o incidente ocorrido na Baía de Minamata, Japão, na década de 60, ilustra claramente o potencial tóxico do mercúrio como contaminante em pescado. A contaminação ambiental foi causada pelo despejo de subprodutos de uma indústria química diretamente na referida baía. A contaminação da água e posteriormente dos organismos aquáticos teve conseqüências drásticas para a população local, que tinha como base de sua dieta o pescado. Foram relatados 2520 casos de intoxicação, dos quais 1043 resultaram em óbitos.
    Referência: KITAHARA, Sandra Emi et al. Mercúrio total em pescado de água doce. Cienc Tecnol Aliment, v. 20, n. 2, p. 267-73, 2000.

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