Como
já falamos em postagens anteriores, a decomposição do lixo
armazenado nos aterros gera subprodutos como gás e líquido. O
líquido é o chorume, cujo processo de formação e tratamento já
foram abordados por nós em postagens anteriores. Agora é a vez de
falarmos de outro subproduto da degradação do lixo dos aterros
sanitários, o biogás, e sua relação com a bioquímica.
O
gás do aterro é produzido pela decomposição anaeróbia (sem
presença de oxigênio) de resíduos orgânicos, porém, é
importante ressaltarmos que a degradação desses resíduos não
compreende apenas essa forma. Anteriormente a ela existe o
processo aeróbico, que ocorre normalmente no período de deposição
do lixo. Após esse período, com a redução de O2
presente nos resíduos,
é que se dá o início do processo de decomposição anaeróbia,
tendo como produto a
liberação de gás.
Esse
gás é composto por vários gases, alguns presentes em grandes
quantidades, como o metano e o dióxido de carbono e outros em
quantidades menores, menos significativas. De forma geral, os gases
presentes nos aterros de resíduos incluem o metano (CH4),
dióxido de carbono (CO2),
amônia (NH3),
hidrogênio (H2),
gás sulfídrico (H2S),
nitrogênio (N2)
e oxigênio (O2).
O metano e o dióxido de carbono são os principais gases
provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos
biodegradáveis dos resíduos orgânicos (BRASIL, 2010). A distribuição exata do
percentual de gases varia conforme a antiguidade do aterro sanitário,
mas para se ter uma média da concentração dos gases mais
presentes, estima-se que o gás do aterro seja composto por
aproximadamente 50% de metano e 40% de dióxido de carbono (Silva, 2008).
Esses
dois gases são constituintes do efeito estufa, que é um fenômeno
natural da atmosfera, de vital importância para a existência da
vida, servindo para manter o planeta aquecido. Mas se alterado pode
provocar aumento da temperatura média da Terra, fenômeno este
conhecido como aquecimento global, como já vem ocorrendo nas últimas
décadas. Essa
alteração é consequência do aumento dos gases constituintes do
efeito estufa, como o Metano e o Dióxido de carbono.
O
metano é considerado 21 vezes mais poluente que o dióxido de
carbono, é um gás que não possui cor nem cheiro, de pouca
solubilidade na água e bastante inflamável, é um dos mais simples
hidrocarbonetos. Como já citado, ele é formado a partir da
decomposição anaeróbia de matéria orgânica, presente
principalmente em depósitos de lixo (aterro sanitário), podendo
ocorrer também em pântanos e em esgotos, por meio da atividade de
bactérias que se multiplicam nesse ambiente. É importante lembrar
ainda que mais da metade do metano produzido no mundo é de origem
antropogênica, sendo os aterros sanitários uma das maiores fontes
de emissão desse gás.
Vale
ressaltar ainda alguns
fatores que influenciam a produção do biogás, como:
composição dos resíduos dispostos, umidade, tamanho das
partículas, temperatura, pH, Idade dos resíduos, projeto do aterro
e sua operação.
Geralmente,
a geração de biogás inicia-se após a disposição dos resíduos
sólidos, encontrando-se registros de metano ainda nos primeiros três
meses após a disposição, podendo continuar por um período de 20,
30 ou até mais anos depois do encerramento do aterro. O gás
proveniente dos aterros contribui consideravelmente para o aumento
das emissões globais de metano. As estimativas das emissões globais
de metano, provenientes dos aterros, oscilam entre 20 e 70 Tg/ano,
enquanto que o total das emissões globais pelas fontes
antropogênicas equivale a 360 Tg/ano, indicando que os aterros podem
produzir cerca de 6 a 20 % do total de metano (IPCC, 1995).
Em
função deste contexto, a captação e utilização do gás
produzido em aterros é uma opção atrativa para a redução de
gases do efeito estufa. Além disso, o metano possui uma grande
energia contida nos seus átomos que faz com que o gás possa ser
usado para a produção de energia elétrica através de sua
combustão dentro de motogeradores que movem turbinas (Silva, 2008).
Mas
isso é o que veremos mais
detalhadamente na nossa
próxima postagem: o processo de tratamento desses gases e seu
reaproveitamento.
Referência
Bibliográfica:
SILVA,
Tiago Nascimento; CAMPOS, Lucila Maria de Souza. Avaliação
da produção e qualidade do gás de aterro para energia no aterro
sanitário dos Bandeirantes - SP.
Eng. Sanit. Ambient., Rio de Janeiro , v. 13, n. 1, Mar. 2008 .
BRASIL.
Ministério do Meio Ambiente. Aproveitamento
Energético do Biogás de Aterro Sanitário. Brasília:
2010. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos/aproveitamento-energetico-do-biogas-de-aterro-sanitario.
Acesso em 05 de Maio de 2015.
Ótima postagem.
ResponderExcluirComo já se pode perceber pelas postagens anteriores e principalmente esta, o problema do lixo não se resolve unicamente com a construção de aterros, mas principalmente com o seu gerenciamento, que deve vir a partir do seu projeto e se mantar por vários anos após seu fechamento, como foi dito no texto entre 20 e 30 anos.
O efeito estufa é vital para todas as formas de vida existentes e as ações antropogênicas é que estão desregulando este processo, o tratamento adequado do lixo é apenas um aspecto minimizador desses efeitos contudo deve ser feito com responsabilidade e sabendo que um gerenciamento mal feito atinge o meio ambiente de diversas maneiras, contaminando desde o solo ao ar.
Esperando por mais postagens boas como essa, até.
GRUPO J
ResponderExcluirÓtima postagem. É interessante ressaltar que o biogás pode ser utilizado como combustível de diversos tipos de equipamentos, tais como: motores de explosão interna, turbinas a gás, microturbinas, entre outros. De acordo com a concentração de metano presente no biogás, seu poder calorífico pode variar entre 4,95 e 7,92 kWh/m^3. Cada matéria prima ou fonte de resíduo terá um potencial de geração de biogás. Resíduos altamente fibrosos (bagaço de cana, casca de arroz), considerados de baixa digestibilidade, apresentam potencial mais reduzido. Já materiais ricos em amido (restos de grãos ou grãos deteriorados), proteínas (restos e sangue de abatedouro), celulose (gramíneas) e carboidratos apresentam um potencial mais elevado de produção do biogás. Para aumentar o poder calorífico do biogás, rendimento térmico e eliminar a característica corrosiva devido à presença de gás sulfídrico e água, é preciso tratar e purificar o biogás. A purificação ocorre por meio da remoção de umidade e retirada de gás sulfídrico por óxido férrico, remoção de gás carbônico, entre outras.
Fonte: OLIVEIRA, Rafael Deléo e. Geração de energia elétrica a partir do biogás produzido pela fermentação anaeróbia de dejetos em abatedouro e as possibilidades no mercado de carbono. São Carlos, 2009.
Grupo L:
ResponderExcluirOlá, pessoal!
Bem, como falado na postagem, o biogás tem na sua composição, principalmente, o metano (CH4), que apresenta elevado potencial calorífico e aplicabilidade energética. Além disso, o produto final da biodigestão, pode ser usado como excelente fertilizante para os solos. O biogás também pode ser utilizado em motores de combustão, aliados a um gerador para produção de energia elétrica, ou ainda, utilizado para a geração de energia térmica através da sua combustão, sem a emissão de gases poluentes. Além disso, O biofertilizante tem elevada concentração dos nutrientes, sendo então possível sua utilização em substituição aos adubos sintéticos, reduzindo custos e beneficiando também aos produtores rurais.
Até a próxima, galera!
fonte: http://www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm
http://www.castelobranco.br/sistema/novoenfoque/files/13/artigos/12_BunoRoya_Biogas_Prof_Djalma_VF.pdf
Grupo H
ResponderExcluirLembrando que da mesma forma que existem estudos apontando a contribuição do metano e só gás carbônico para o aquecimento global, há estudos que demonstram a ineficácia do homem em alterar o clima a esse nivel. Mas esse não é o ponto..a questão do reaproveitamento dos gases para ampliar a matriz energética é sensacional, aguardo o próximo post!
Grupo H
ResponderExcluirLembrando que da mesma forma que existem estudos apontando a contribuição do metano e só gás carbônico para o aquecimento global, há estudos que demonstram a ineficácia do homem em alterar o clima a esse nivel. Mas esse não é o ponto..a questão do reaproveitamento dos gases para ampliar a matriz energética é sensacional, aguardo o próximo post!
Ótima postagem pessoal !
ResponderExcluirÉ realmente muito importante estudar a produção desses gases que podem ser muito prejudiciais ao ambiente. O metano, como já mencionado em outro comentário, é uma molécula muito energética e com um enorme potencial calorífico consequente das ligações entre o carbono e os hidrogênios e as possíveis reações que ele participa. A tranformação e reutilização desse post é de muito interesse não só ambiental, mas também econômico... Apesar de ainda pouco explorado... Aguardamos a próxima postagem que abordará o assunto.
GRUPO A
GRUPO E:
ResponderExcluirA postagem é excelente. Dando outro enfoque, o gás sulfídrico (H²S), produzido a partir de sulfatos da fase aeróbia, é conhecido como potencial gás poluente formador das chuvas ácidas, que após ser oxidados na atmosfera reagem formando ácido sulfúrico que precipita nas chuvas, diminuindo o pH das mesmas. Esse problema é, geralmente, de polos industriais e pode ser agravado com a presença desses aterros. É um problema que vale ficar de olho!