sábado, 23 de maio de 2015

Processo de contaminação do solo em Aterros

   Vimos, primeiramente, que um dos principais objetivos do Aterro Sanitário é o armazenamento e tratamento do lixo produzido pelo homem, evitando, assim, a contaminação do solo, lençol freático, mananciais, enfim, daí a importância do controle e intervenção adequados do chorume, por exemplo, que como já vimos, é o líquido resultante do processo de decomposição da matéria armazenada no aterro. Assim como também já vimos em postagens anteriores como ocorre o tratamento desse líquido para que não contamine o meio, e, com isso, o Aterro Sanitário não perca a sua função de evitar a poluição.
   Porém, a produção de resíduos pelo ser humano é cada vez maior, resultante do consumo descontrolado, da obsolescência dos produtos, da grande industrialização dos mesmos. São diversos os fatores que causam esse aumento do lixo nas cidades. E o Aterro possui valores, quantidades limites para seu bom funcionamento. Tratando até quantidade “x” de resíduos orgânicos por dia para a sua boa efetivação. No entanto, a demanda para esses locais é maior, prejudicando o funcionamento adequado dos aterros. E o lixo ali depositado, que antes não contaminava o solo, lençol freático, passa a contaminar.
   Nesta postagem entenderemos um pouco mais do processo químico envolvido na contaminação do solo em aterros sanitários. Segundo a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, “o solo é dito contaminado quando apresenta concentrações de determinada espécie química acima do esperado em condições naturais, sendo um solo poluído o que possui concentrações de um determinado contaminante que possam afetar os componentes bióticos do ecossistema comprometendo seu funcionamento.”
   Levando esse processo para seu lado bioquímico, é importante compreender que as trocas iônicas do solo são processos reversíveis ou temporariamente irreversíveis, pelos quais as partículas sólidas absorvem os íons da fase aquosa, e isso faz com que haja um retardamento na velocidade de avanço do mesmo. À medida que os solos são formados alguns minerais e a matéria orgânica são reduzidos, apresentando, em geral, um balanço de cargas negativas.
    Devido ao alto teor de oxigênio encontrado na estrutura de substâncias húmicas, elas têm excepcional capacidade de se ligar e reter cátions, principalmente metais pesados. Podendo também, devido aos grupos presentes em sua estrutura ligar-se a alguns ânios. A preocupação com a retenção de espécies metálicas no solo se justifica devido ao fato de não serem degradáveis em altas concentrações e permanecerem no solo e sedimentos por longos períodos ou serem recolocados no meio devido a transformações químicas e alterações nas condições ambientais, bem como infiltrar para camadas inferiores, com sérias consequências para o meio.
    Outros elementos que podem atingir concentrações poluidoras no solo são o N, K e P, pois quando presentes em quantidades maiores do que as plantas podem absorver, ou as necessárias ao bom funcionamento dos micro-organismos acabam por infiltrar, sendo considerados problemas sérios não apenas aos solos, mas, principalmente, para os mananciais.
    Portanto, pode-se dizer que além dos impactos no funcionamento e biodiversidade do ecossistema, a contaminação do solo é uma ameaça direta e indireta à saúde pública, necessitando de ações remediadoras. Geralmente, em ambientes contaminados não ocorre revegetação espontânea, necessitando de ações que vão desde ações de recomposição do solo até recomposição da flora dos locais próximos do Aterro Sanitário, procurando uma melhoria estética e estabilização daquela área afetada (Novais, 2000).

Referencial teórico:
- NASCIMENTO, Daniela. Estudo Químico do Solo e Lixiviado do Aterro controlado em Botuquara. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2008. P. 41, 42 e 43. Obtido em: <http://www.bicen-tede.uepg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=211>. Acesso em 23 de maio de 2015.

- NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V.H; SCHAEFER, E. G. R. Tópicos em ciência do solo. v. 1. 2000.

4 comentários:

  1. GRUPO L
    Muito importante à abordagem desse tema em um post do blog de vocês! O biogás dos aterros se relaciona a disposição final de resíduos sólidos urbanos e está diretamente ligado ao efeito estufa. Isso porque na sua composição estão presentes em grandes quantidades gases como o metano e o dióxido de carbono e outros em quantidades em traços. O metano e o dióxido de carbono estão entre os principais gases relacionados ao efeito estufa e a poluição do ar em geral representando, assim, um risco para a homeostase do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, é essencial que o biogás seja tratado ou reutilizado. Converte-lo em uma forma de energia útil tais como: eletricidade, vapor, combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou para abastecer gasodutos com gás de qualidade é uma ótima alternativa. Além disso, simples queima do metano, sem nenhum aproveitamento energético, já assegura um benefício ambiental por transformar CH4 (metano) em CO2 (dióxido de carbono), porque o metano é de 20 a 23 vezes mais danoso para a atmosfera do que o dióxido de carbono. O benefício, além do ambiental, se dá também na lógica do empreendedor. Isso porque retorno do capital investido se dá por duas vias: a emissão de créditos de carbono (quando uma certificadora da ONU mede a quantidade de metano queimado e converte esse número em papel com valor de mercado para os países ricos signatários do Protocolo de Kyoto que assumiram o compromisso de reduzirem suas emissões) e a venda de energia útil para diversas formas de aproveitar (Energia Elétrica, Energia Térmica, Uso Veicular, Iluminação a Gás, etc).
    REFERÊNCIA
    Manual para aproveitamento do biogás: volume um, aterros sanitários. ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, Secretariado para América Latina e Caribe, Escritório de projetos no Brasil, São Paulo, 2009.

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  2. Ótima postagem, pessoal! Resolvi complementar falando que os micronutrientes são retidos no solo pelos diversos componentes orgânicos e inorgânicos através de adsorção iônica ou molecular ou por precipitação em formas pouco solúveis. A capacidade do solo de reter o micronutriente depende das suas propriedades químicas, físicas e biológicas, assim como da forma química com que a substância foi aplicado. Dentre os fatores que influem na retenção dos micronutrientes estão: textura, pH, umidade, teor de matéria orgânica, teor de óxidos de ferro, de alumínio e de manganês, espécie e concentração dos constituintes na solução do solo e sua velocidade de percolação. Normalmente, a solubilidade e, consequentemente, a movimentação dos micronutrientes catiônicos (cobre, ferro, manganês e zinco), aumenta com a diminuição do pH do solo. A umidade também influencia na capacidade de retenção por afetar as reações redox. Sob condições redutoras a solubilidade do cádmio, do cobre e do zinco diminui e a do ferro e do manganês aumenta (lembrando que esses elementos fazem parte da composição do chorume, como vocês citaram em postagens anteriores ;) ).
    REFERÊNCIA:
    http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/micronutrientes/Index.htm

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  3. Grupo H
    Muito interessante a colocação de vocês a respeito da revegetação dos solos após o esgotamento do aterro. Os taludes de aterros sanitários podem sofrer movimentação de massa devido a sua conformação, sendo então necessário e imperativo a revegetação desses locais, de forma a minimizar tais problemas, assim como processos erosivos. Sem a revegetação os taludes ficam demasiadamente expostos às intempéries, correndo o risco de deslizamentos e de espalhamento de milhares de toneladas de lixo.
    E por incrível que pareça, um dos vegetais escolhidos para a revegetação de certos locais são as leguminosas! As leguminosas são espécies com alta capacidade reprodutiva, baixa exigência em fertilidade, e que melhoram as características do substrato, através de fixação biológica do nitrogênio, em associações simbióticas com bactérias, sendo esta a grande justificativa para seu uso, pois disponibilizam para outras plantas o nitrogênio. Além disso, apresentam raízes com arquitetura e profundidade que permitem estabilizar solos com pouca instabilidade como nos casos de taludes.
    Referencia:
    http://www.if.ufrrj.br/inst/monografia/Simone_Rossi_Manhago.pdf

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  4. A postagem é de interesse social e muito bem elaborada. Queria contribuir explicitando o problema das pilhas na contaminação do solo. A pilha mais utilizada é a alcalina. Nas pilhas alcalinas, o zinco está presente na forma de pó aglutinado e o eletrólito utilizado é hidróxido de potássio. Durante o processo de descarga, a composição inicial muda em função das reações que ocorrem no ânodo e no cátodo. As reações parcial e global de descarga de uma pilha alcalina podem ser
    descritas pelas Equações 1, 2 e 3:
    Pólo negativo (ânodo): Zno + 2OH- Zn(OH)2 + 2e- (1)
    Pólo positivo (cátodo): 2 MnO2 + H2O + 2e- Mn2O3 + 2OH- (2)
    Total: Zn0 + 2MnO2 + H2O Mn2O3 + Zn(OH)2

    Visto o produto final, o descarte de pilhas no lixo urbano ou no solo gera problemas nas estações de tratamento de lixo, poluição das águas superficiais e subterrâneas e acumulação de substâncias tóxicas na cadeia alimentar (bioacumulação e biomagnificação). Tanto zinco quanto manganês, apesar de serem essenciais aos seres vivos em baixas concentrações, são particularmente
    tóxicos quando em concentrações elevadas como já foi explicitado.
    Referência: AGOURAKIS, Demetrios Chiuratto et al. Comportamento de zinco e manganês de pilhas alcalinas em uma coluna de solo. Química Nova, v. 29, n. 5, p. 960, 2006.

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