quinta-feira, 4 de junho de 2015

Riscos à saúde, o aterro mal estruturado

Quando a estrutura dos aterros sanitários não são adequadas, começam a ocorrer vários acidentes e interferências nas vidas das pessoas que trabalham nesses locais. Tendo isso em foco, vamos discutir alguns fatos vistos em uma visita a um aterro.
Ao observarmos o aterro sanitário de Parnaíba – PI, surgiu a ideia de fazer uma postagem acerca dos riscos que as pessoas, que frequentam aquele local, sofrem e de acidentes que podem ocorrer. Como já comentado anteriormente, os aterros sanitários possuem diversas espécies de microrganismos, e estes podem ter o ser humano como alvo. Assim, qualquer baixa imunitária ou rompimento da integridade cutânea pode facilitar a ação desses microrganismos, e prevenção é o que falta nesses locais de descarte de resíduos.
Externamente o aterro visitado se encontrava em ótimo estado, não apresenta irregularidades aparentes. Entretanto, ao adentrarmos o local, visualizamos a quantidade de pessoas sem nenhuma proteção que estavam recolhendo resíduos recicláveis. Outro agravante é que havia muitos resíduos fora de sua área determinada, como cacos de vidro expostos e alguns dos catadores estavam descalços, pondo-se em risco.

Além disso, a estrutura do aterro sanitário que deveria existir, como falada na primeira publicação, não era percebida, pelo contrário era nítida a falta de infraestrutura do local. Algo que deixou em estado de surpresa e alerta todos que acompanhavam a visita foi o fato de um caminhão que drena fossas estava descarregando seus resíduos em buraco, sem qualquer tratamento prévio evidente. Esse último fato, contribui para a contaminação de lençóis freáticos que podem existir no local, o que já foi discutido na postagem anterior, principalmente pela localidade litorânea, alterando a DBO e a DQO.
Em postagens anteriores, discutimos acerca do tratamento do biogás existente em aterros, porém, no momento daquela postagem não tínhamos noção do que o não tratamento pode ocasionar. Inúmeras matérias de revistas e jornais relatam vários acidentes principalmente com explosões nesses locais, matando vários trabalhadores e prejudicando a saúde da população que mora nos arredores do aterro. Esse tratamento, mais uma vez, é negligenciado na cidade de Parnaíba, a segunda maior do estado do Piauí, o que a médio-longo prazo pode trazer consequências irreparáveis para a população parnaibana. A não drenagem dos gases presentes no aterro pode ocasionar uma reação de combustão e pode matar várias pessoas, e o simples fato de um caminhão passar por um local onde há concentração desses gases pode ocasionar essa explosão, que além de causar danos às pessoas instantaneamente pode levar a disseminação de produtos tóxicos e até a contaminação de águas subterrâneas.

REFERÊNCIAS

NASCIMENTO, Thiago César et al. Ocorrência de bactérias clinicamente relevantes nos resíduos de serviços de saúde em um aterro sanitário brasileiro e perfil de susceptibilidade a antimicrobianos. Rev Soc Bras Med Trop, v. 42, n. 4, p. 415-9, 2009.
CAETANO, Carolina. Explosão em aterro sanitário mata um e pode afetar o solo. 2014. Disponível em: <http://www.otempo.com.br/cidades/explosão-em-aterro-sanitário-mata-um-e-pode-afetar-o-solo-1.854454>. Acesso em: 03 jun. 2015.

4 comentários:

  1. Cabe ressaltar alguns cuidados que devem ser tomados quando se decide construir um aterro sanitário: realização de estudos geológicos e topográficos para selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que permitem desvio dessas águas, do aterro.
    Devem ser construídos poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e contaminação do lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a montante e três a jusante, no sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da lagoa deve ser monitorado pelo menos quatro vezes ao ano.
    Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br

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  2. Grupo l:
    E aí pessoal?! como já foi abordado nos diversos posts anteriores, a disposição de forma inadequada dos resíduos sólidos urbanos sem tratamento prévio, ocasiona sérios problemas de contaminação dos solos, das águas superficiais e de sub-superfície, bem como a formação de novos ambientes tecnogênicos. Uma forma de diminuir esses problemas é a construção de aterros sanitários. No entanto, mesmo os aterros, quando não construídos de forma adequada geram incontáveis problemas, como os que foram abordados na postagem. Assim, para um que haja um aterro sanitário eficiente e com poucos danos é necessária a realização de análises físicas (dados geotécnicos, geomorfológicos, pedológicos e hidrogeológicos), sociais e econômicas (dados sobre infra-estrutura, dados legais e dados socioeconômicos). Entretanto não são dados simples de se obter, o que dificulta ainda mais o processo...
    Fonte: http://www.labogef.iesa.ufg.br/links/Sinageo/articles/403.pdf

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  3. Grupo H
    Algo que chamou a atenção de todos durante nossa visita foi o despejo de um caminhão "limpa-fossa" dentro do aterro. Fui procurar se essa atitude é correta ou não e só tive mais dúvidas. No estado de Roraima os limpa-fossa foram proibidos de jogar o material dentro dos "lixões" (entre aspas porque não deveriam mais haver lixões). Devido a possibilidade de contaminação a recomendação é que a parte sólida seja enterrada, ou aterrada, sempre em ambiente controlado, e a parte líquida encaminhada para o sistema de tratamento de esgoto local. Não sabemos até onde o aterro de Parnaíba segue as exigências sobre saneamento, e principalmente quanto a esse despejo de dejetos, e ficamos então com mais uma pergunta a ser feita.

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  4. Postagem interessante sobre como temos parnaibanos em situações de risco como essa. Um aspecto central para mudar esse panorama atual consiste em uma nova concepção de gestão e destinação de resíduos sólidos, refere-se à garantia, por um lado, de educação sócio-ambiental e, por outro, à promoção da mobilização da população. Para tal é preciso assegurar, na legislação, instâncias e instrumentos para que a sociedade exerça controle social, acompanhe a prestação de serviços de limpeza urbana e também participe da implementação de programas que priorizem o desenvolvimento social e a economia solidária. A sociedade deverá contar com leis que impulsionem a participação social e a gestão compartilhada com inclusão social, através, por exemplo, de conselhos gestores de resíduos sólidos.
    Referência: GRIMBERG, Elisabeth. A Política Nacional de Resíduos Sólidos: a responsabilidade das empresas e a inclusão social. Rio Claro, 2005.

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