Falamos, na última postagem, sobre
contaminação do solo em aterros sanitários. Hoje discutiremos
sobre a contaminação das águas e o impacto sobre o meio ambiente e
sobre nossa saúde.
Sabemos que, no Brasil, o manuseio e
eliminação de resíduos sólidos são alguns dos fatores, de maior
impacto ambiental, que põem em risco a saúde pública. Grande parte
dos municípios
brasileiros enfrentam dificuldades, pois faltam locais adequados para
a disposição dos resíduos sólidos. O IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) verificou, em uma pesquisa sobre
saneamento básico, que cerca de 50,8% dos resíduos produzidos no
país ainda são lançados em vazadouros a céu aberto, sem um
cuidado/controle do lixo, que acaba poluindo tanto o solo como os
lençóis freáticos. Vale lembrar que isto não acontece só em
lixões, aterros controlados também estão sujeitos a causar
contaminação, pois podem haver vazamentos na manta permeabilizante
ou elas podem não ter uma boa qualidade, permitindo que o lixiviado
percole, cada vez mais no solo, o que torna o sistema hídrico ainda
mais vulnerável.
A
água é considerada poluída quando a sua composição for alterada,
tornando-a imprópria para alguma ou todas as suas utilizações em
estado natural. A poluição das águas ocorre, principalmente, pelo
lançamento indiscriminado de resíduos sólidos no solo que permite
o deslocamento do chorume para as redes de drenagens dessas águas. A
poluição das águas pela disposição inadequada de lixo pode ser
física, química e biológica, sendo as principais alterações
físicas relacionadas ao aumento da turbidez (material em suspensão
na água) e variações de gradientes de temperatura. A poluição
biológica caracteriza-se pelo aumento de coliformes totais e fecais,
já a poluição química reduz drasticamente o nível de oxigênio e
aumenta a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Outras propriedades
químicas da água como a dureza, a condutividade e o PH podem ser
alteradas e tornar o sistema aquático impróprio para o uso humano.
O
chorume gerado no processo de degradação da matéria orgânica é
uma das principais fontes de poluição decorrentes da má disposição
dos resíduos sólidos. Quando despejado nos cursos d’água
superficiais, pode alterar a DBO (quantidade de oxigênio necessária
para ocorrer oxidação da matéria orgânica biodegradável sob
condições aeróbicas) e DQO (quantidade de oxigênio necessária
para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um
agente químico) da água. Altos valores de DBO e DQO indicam uma
alta carga de compostos orgânicos transportada. Tal líquido
apresenta também a presença de coliformes totais e fecais o que
confere um potencial de contaminação microbiológica. O PH da água
é alterado quando entra em contato com matérias orgânicas em
decomposição e torna-se ácido. Não podemos nos esquecer dos
metais pesados que, como já foi dito em uma postagem aqui no blog,
causam sérias doenças.
Essas
alterações afetam tanto a flora quanto a fauna da água, a poluição
acaba com a vida aquática. Um dos principais e mais preocupantes
efeitos deste problema no meio ambiente é a eutrofização,
caracterizada pela presença excessiva de nutrientes provenientes dos
produtos químicos eliminados que provoca a proliferação de algas e
cianobactérias, impedindo a entrada da luz nos rios e reduzindo a
disponibilidade de oxigênio para os organismos aquáticos.
Enquanto
a contaminação superficial geralmente constitui-se em um problema
visível, a contaminação dos aquíferos é invisível e pode
transformar-se em um problema crônico, na medida em que só venha a
ser identificado por meio de seus efeitos na saúde pública. Cabe
ressaltar que os resíduos sólidos ainda contêm espécies químicas
que podem ser carreadas pelas chuvas e entrar em contato com os
cursos d’água superficiais e subterrâneos através de escoamento
superficial e infiltração. Dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) mostram que 80% das doenças que acometem a população dos
países em desenvolvimento são provocadas pela água contaminada.
Entre as principais estão a hepatite, disenteria, cólera, malária,
amebíase, esquistossomose, febre amarela, ascaridíase,
cisticercose, dengue, poliomielite, teníase, febre tifoide,
infecções na pele e nos olhos, e a leptospirose.
REFERÊNCIAS
SISINNO,
S. L. Cristina; MOREIRA, C. J. Avaliação
da contaminação e poluição ambiental na área de influência do
aterro controlado do Morro do Céu, Niterói, Brasil.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csp/v12n4/0243.pdf>
Acesso em: 31 de maio de 2015.
MATOS,
O. F. et al. Impactos ambientais
decorrentes do aterro sanitário da região metropolitana de
belém-pa: aplicação de ferramentas de melhoria ambiental.
Universidade Federal de Uberlândia. Caminhos de geografia.
Uberlândia, v.12,p.5-6, 2011.
FREITAS,
P.V. Poluição de águas.
Disponível em:<
http://daleth.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo02.htm>.
Acesso em: 31 de maio de 2015.