Na nossa última
postagem falamos do processo de formação do chorume e a bioquímica, desta vez,
iremos nos deter nos processos de tratamento do chorume, os métodos
tradicionais e as novas tecnologias de tratamento, como a transformação do
chorume em água. É importante saber que o chorume, se descartado de forma
inadequada no solo, pode ocasionar graves danos ao meio ambiente e à saúde
pública. Com baixa biodegradabilidade, alta carga de materiais na composição e
compostos orgânicos tóxicos, este líquido residual, se não devidamente tratado,
é capaz de atingir e contaminar o lençol freático, prejudicando desta forma os
cursos de água da região. Com isso, percebe-se que os danos ambientais
provocados pelo manejo inconsequente desse efluente alcançam sérias proporções,
culminando em um ciclo completo de poluição da água. Vale salientar que a
questão do tratamento do chorume não é uma questão apenas ambiental, existe uma
norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas que dispões sobre as
condições mínimas estabelecidas para a construção de um aterro sanitário,
exigindo que o projeto inclua um sistema de coleta, drenagem e tratamento do
chorume.
Vários métodos físicos e
físico-químicos, incluindo adsorção, precipitação, oxidação, air stripping,
evaporação e filtração por membranas, têm sido aplicados para remover carga
orgânica e nitrogênio do chorume, proporcionando remoção de sólidos e espumas.
Após esse pré-tratamento ocorre o encaminhamento do fluido resultante para a
rede de tratamento de esgoto, onde vão ocorrer processos biológicos. Duas das
principais etapas são:
Coagulação/Floculação/Sedimentação
O princípio do processo consiste na
neutralização das cargas elétricas do material em suspensão, por adição de
agentes de floculação (por exemplo, sulfato de alumínio). Após da neutralização
das cargas superficiais a mistura e deixada em repouso, o que facilita a
aglutinação das partículas por adsorção (Silva, 2002).
Remoção
de poluente por arraste com ar (air stripping)
Substâncias voláteis podem ser removidas
das águas residuais por volatilização, através de processo físico de arraste
com ar. No caso da remoção da amônia presente em grandes quantidades no
chorume, é necessário elevar o pH do meio, de modo que favoreça a transformação
do íon amônio em amônia livre.
Na
rede de tratamento de esgoto, ocorrem os processos biológicos que são
generalizados no seguinte trecho:
“Segundo Metcalf e Eddy (2003) os
objetivos do tratamento biológico de águas residuais são a remoção de sólidos
coloidais não sedimentáveis e estabilização da matéria orgânica e, em muitos
casos, a remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo). Esses objetivos são
alcançados pela atividade de diversos microrganismos, principalmente bactérias.
Um dos mecanismos de ação delas é através da oxidação aeróbia, as bactérias
utilizam o oxigênio molecular como aceptor final de elétrons, enquanto que, na
oxidação anaeróbia, este papel é exercido por componentes como gás carbônico
(CO2), nitratos (NO3- ) e sulfatos (SO42-).
”
Novas
tecnologias no tratamento do chorume
Além desses processos tradicionais, as pesquisas na
purificação do chorume já evoluíram bastante. Em agosto de 2014, o G1 publicou
uma reportagem com o título: “Tecnologias
transformam o chorume, resíduo tóxico do lixo, em água limpa”. Segue um trecho
da reportagem “ Em São Gonçalo, na
Região Metropolitana do Rio, o chorume recolhido do aterro é bombeado para uma
miniestação de tratamento que cabe em um contêiner. Equipamentos de última
geração filtram o chorume. Micro membranas só deixam passar as moléculas de
água. O resultado do processo é água pura, destilada. O que ocasiona uma
economia de R$ 300 mil em apenas dois meses. ”
Concluiremos essa postagem com o vídeo da matéria
citada acima sobre a transformação do chorume em água pura, esse processo que
muita gente jamais imaginaria, já é realidade em alguns aterros sanitários
brasileiros.
Referências Bibliográficas